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domingo, 25 de julho de 2010

Bienal Internacional do Livro

Dias Nublados - Fagner Roberto Sitta da Silva


Dias Nublados...

“Um dia de chuva é tão belo
como um dia de sol.
Ambos existem, cada um como é.”
Fernando Pessoa (1888-1935)

Fagner Roberto Sitta da Silva

                                        Dias nublados, chuvosos, sem sequer
                                        uma nesga de azul no céu cinzento.
                                        Dias submersos, fatais, sem forte vento
                                        que venha, o nevoeiro, enfim, varrer.

                                        Dias em que o Tempo passa muito lento,
                                        com o peso da névoa, sem poder
                                        se soltar para lépido correr
                                        como fugaz e alegre pensamento.

                                        Dias iguais, apesar de serem dias
                                        normais, com suas tristezas e alegrias;
                                        dos mesmos afazeres da semana.

                                        Dias que quebram o ritmo da cidade,
                                        cobrem com cinzas de tranquilidade
                                        nossa vida corrida, cotidiana...

14 de julho de 2010.

Soneto publicado no Jornal Comarca de Garça no dia 24 de julho de 2010, no 2º Caderno - Sempre aos Sábados.


Fagner Roberto Sitta da Silva, é presidente da APEG, 
poeta e artista-plático. 


Os Clichês que a Gente Adora - Veridiana Sganzela Santos


Os Clichês que a Gente Adora

Veridiana Sganzela Santos

Quem é que nunca se deleitou com um desses filmes bem açucarados ou previsíveis de Sessão da Tarde? Quem é que não se lembra de, durante as férias, ter passado algumas horas na frente da TV assistindo a filmes nada dignos de Oscar, mas que independentes de serem uma obra-prima da sétima arte, nos prendiam e ficaram gravados na nossa memória?

[1] Ônibus escolar amarelo, que geralmente nunca espera pelo aluno retardatário.
[2] Acampamentos com marshmallow na fogueira e histórias de terror.
[3] Festa no ginásio da escola com ponche “batizado” e eleição de Rei e Rainha do Baile.
[4] Tirar fotocópias da bunda – que vão, acidentalmente, parar na mesa do chefe.
[5] Casa na árvore, onde “meninas não entram”.
[6] Xingamentos como “loser” e “ass hole”.
[7] Guerra de comida.
[8] Cachorros que falam, chimpanzés que solucionam crimes e bebês que são gênios.
[9] Trabalhadores que se humilham para ser promovidos.
[10] Crianças que vendem limonada .
[11] Liquidação de garagem.
[12] Perseguição que destrói metade da cidade.
[13] Bater em hidrantes .
[14] Pessoas que se engasgam e são salvas pela Manobra Heimlich.
[15] A tímida do colégio se apaixonar pelo capitão do time de futebol e o nerd gostar da líder de torcida.
[16] Clube de Xadrez, Clube de Espanhol, aulas de Economia do Lar, Marcenaria, Artes e demais atividades extracurriculares que os alunos usam só para conversar sobre seus dilemas adolescentes.
[17] Alunos de intercâmbio que causam o maior frisson na escola.
[18] Personagens hispânicos com sobrenome Gomez, Rodriguez, Sanchez.
[19] Todo japonês é geek, toda loira é idiota, todo mexicano tem subemprego, todo italiano é briguento.
[20] Receber os novos vizinhos com uma torta e xeretar a vida deles através da cerca do quintal.
[21] Ninguém nunca diz “tchau” ao terminar um conversa telefônica. Simplesmente desligam.
[22] Valentões da escola que trancam os nerds no armário.
[23] Treinadores estúpidos que pregam que o que importa é vencer.
[24] Adolescentes que querem ser “os mais populares”.
[25] Gente deprimida que assiste TV com um pote de sorvete no colo.
[26] Viagem em família num trailer.
[27] Algo “mágico” acontecendo numa noite de Natal.
[28] Cortar a grama da vizinhança para ganhar uns trocos.
[29] Máquina de guloseimas sempre enguiçada.
[30] Taxistas indianos.
[31] Enterro em dia de chuva.
[32] Xerifes gordinhos e/ou coroas que nunca concordam com os métodos dos jovens agentes do FBI
[33] Pescadores com chapéu cheio de iscas e caçadores com coletes vermelhos acolchoados.
[34] Livro do Ano.
[35] Baile da Primavera.
[36] Velha louca e solitária que cria muitos gatos.
[37] Catástrofes que só acontecem em Nova Iorque. Às vezes em Paris.
[38] Toda turma adolescente em filme de horror tem que ter um cara fortão, uma menina bonita, um sujeito inteligente e o rapaz piadista. Geralmente o engraçadinho morre primeiro.
[39] Discursos motivadores com a bandeira americana agitando ao fundo.
[40] Apostas para ver quem vai ficar com a feinha da escola.
[41] Baderneiros que arrebentam caixas de correio com taco de baseball.
[42] Cenas de dança em que rumba, salsa, samba e tchá-tchá-tchá são a mesma coisa.

(Continua...)




Veridiana Sganzela Santos, é jornalista e membro da APEG.

sábado, 24 de julho de 2010

Reunião da APEG neste domingo dia 25

Associados debatem XI Encontro Poético e implantação de um clube de cinema e publicam mais um livro

Poeta Mário Quintana

          Neste domingo, dia 25 de julho, a Associação de Poetas e Escritores de Garça (APEG) realiza sua reunião mensal, a sétima do ano e a reunião de número sessenta e sete, a partir das 15 horas na Biblioteca Pública Municipal. 

          Segundo o presidente da associação, Fagner Roberto Sitta da Silva, entre os itens da pauta da reunião está a instalação de um clube de cinema, uma oficina de haicai, os preparativos para o XI Encontro Poético de Garça, vídeos sobre a vida e obra do poeta Mario Quintana, lançamento de mais um livro, mais uma proposta de novos livros e o sarau de poesia. 

          Para o clube de cinema, projeto criado pelo professor Luiz Maurício Teck de Barros, os associados estão conversando desde a reunião passada sobre a instalação deste em Garça. Para isto, estão sendo levantados filmes para serem exibidos, foi até proposta uma visita e intercâmbio dom o Clube de Cinema de Marília, que é o primeiro do Brasil. Foi levantado um dia para as exibições e chegou-se ao comum acordo que o dia melhor para estas seria a quinta-feira, pois depois de pesquisas viu-se que neste dia não há eventos em nossa cidade, dado que reuniões de clubes de serviço e da Câmara são feitas nas segundas-feiras e aos fins de semana são dias em que há espetáculos no Teatro Municipal, e etc. 

          Também para esta reunião, será feita uma pequena oficina de haicai, já que o assunto foi abordado na última reunião em vídeos de estudo. Para esta oficina serão explicados pelo presidente e pelo professor Letterio Santoro, dois cultores desta forma poética, os conceitos básicos do haicai. E, como foi combinado na última reunião, alguns dos associados estarão trazendo seus haicai compostos para apresentarem. 

          Também prosseguem os preparativos para o XI Encontro Poético, que terá como homenageado o professor, poeta e atleta, um dos melhores jogadores de Garça de todos os tempos, Alcyr da Rosa Lima, o “Ceci”. O Encontro Poético, criado em 1997 e interrompido no ano 2000, e que foi retomado em 2004, acontece sempre no mês de outubro, dado a proximidade do dia 20, dia que se comemora o Dia do Poeta. Nesta décima primeira edição, que ocorrerá na Câmara Municipal de Garça, no dia 21 de outubro de 2010, a partir das 20:00 horas, os associados da APEG e poetas e escritores inscritos, mais convidados, estarão homenageando o professor Alcyr, e também comemorando o Dia do Poeta. 

          Para a décima primeira edição serão retomadas as inscrições para o sarau de poesia e prosa realizado no Encontro, para que desta forma a APEG tenha um cadastro dos escritores locais e também para que os trabalhos inscritos possam fazer parte de uma nova obra da associação, tal qual ocorreu com o I Encontro de 1997 e com o V Encontro de 2004. 

          Nesta reunião de domingo os associados também estarão fazendo o lançamento de mais uma obra que foi retirada da exposição “Todos Cantam sua Terra III”, que ocorreu no mês de maio na Galeria Edith Nogueira Santos e todos os trabalhos expostos foram recolhidos e organizados pelo professor Letterio Santoro. E esta publicação faz parte do projeto do professor Letterio de publicar uma obra por mês durante este ano, sendo o autor ou o organizador. 

          Para próximas publicações, será sugerida a publicação de um novo livro da série Crônicas Garcenses, e a retomada do Cancioneiro Garcense, livro que contaria em prosa e verso a história da nossa cidade. Além da publicação de uma obra inédita do poeta Cesarino Avino Sêga. 

          Para os vídeos de estudo deste mês serão assistidos pelos associados e visitantes dois vídeos sobre a vida e a obra de Mario Quintana. Sendo dois curtas sobre o poeta e um desenho animado sobre um dos mais famosos poemas de Quintana. O poeta nascido em 30 de julho de 1906, em Alegrete, no estado do Rio Grande do Sul, filho prematuro de Celso de Oliveira Quintana e de Virgínia de Miranda estudou as primeira letras em sua cidade natal, mudou-se no ano de 1919 para Porto Alegre, onde freqüentou o Colégio Militar, ali também publicou suas primeiras produções. Trabalhou, posteriormente para a Editora Globo, e depois na farmácia paterna. 

          Aos 17 anos publica um soneto em jornal de Alegrete, com o pseudônimo JB. O poema era tão bom que seu Celso queria contar que era pai do poeta. Mas quem era JB? Mario, então, não perde a chance de lembrar ao pai que ele não gostava de poesia e se diverte com isso. 

          Mario Quintana é considerado o “poeta das coisas simples”, com um estilo marcado pela ironia, profundidade e pela perfeição técnica. Foi jornalista quase toda asua vida. Traduziu mais de cento e trinta obras da literatura universal, entre elas, Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust, Mrs. Dalloway de Virginia Woolf, A Importância de Viver de Lin Yutang, Uma Paixão no Desertode Honoré de Balzac e Palavras e Sangue, de Giovanni Papini. 

          Em 1953, Quintana trabalhou no jornal Correio do Povo, como colunista da página de cultura, que saía aos sábados, e em 1977 saiu do jornal. 

          Em 1940, ele lançou o seu primeiro livro de poesias, A Rua dos Cataventos, iniciando a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Em 1966, foi publicada a sua Antologia Poética, com sessenta poemas, organizada por Rubem Braga e Paulo Mendes Campos, e lançada para comemorar seus sessenta anos de idade, sendo por esta razão o poeta saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira, que recita o poema Quintanares, de sua autoria, em homenagem ao colega gaúcho. No mesmo ano ganhou o Prêmio Fernando Chinaglia da União Brasileira de Escritores de melhor livro do ano. Em 1976, ao completar setenta anos, recebeu a medalha Negrinho do Pastoreio do governo do estado do Rio Grande do Sul. Em 1980 recebeu o prêmio Machado de Assis, da ABL, pelo conjunto da obra. Em 1981 recebe o prêmio Jabuti. 

          Lançou vários livros em prosa e verso, todos eles sucessos de vendagens, entre eles A Rua dos Cataventos (1940), Sapato Florido (1948), o infantil O Batalhão das Letras (1948), Espelho Mágico (1951), Caderno H (1973), Quintanares (1976), A Vaca e o Hipogrifo (1977), Esconderijos do Tempo (1980), Baú de Espantos (1986), 80 anos de Poesia (1986), Da Preguiça como Método de Trabalho (1987), A Cor do Invisível (1989), Velório sem Defunto (1990) o infantil Sapato Furado (1994) e o póstumo Água (2001) 

          Mario Quintana viveu grande parte da vida em hotéis: de 1968 a 1980, residiu no Hotel Majestic, no centro histórico de Porto Alegre. Em 1982, o prédio do Hotel Majestic, que fora considerado um marco arquitetônico de Porto Alegre, foi tombado. Em 1983, atendendo a pedidos dos fãs gaúchos do poeta, o governo estadual do Rio Grande do Sul adquiriu o imóvel e transformou-o em centro cultural, batizado como Casa de Cultura Mario Quintana. O quarto do poeta foi reconstruído em uma de suas salas, sob orientação da sobrinha-neta Elena Quintana, que foi secretária dele de 1979 a 1994. 

          E em 1989 Mario Quintana é eleito “Príncipe dos Poetas Brasileiros”, entre todos os escritores do país, em promoção da Academia Nilopolitana de Letras. É o quinto poeta a receber esse título. Seus antecessores: Olavo Bilac, Alberto Oliveira, Olegário Mariano e Guilherme de Almeida. 

          Em 1994 é publicado o livro Sapato Furado e também a publicação de textos no número 211 da revista literária Liberté, editada em Montreal, Quebec, Canadá. Publicação pelo Instituto Estadual do Livro (RS) de Cantando o imaginário do poeta, espetáculo musical constituído de poemas musicados pelo maestro Adroaldo Cauduro e apresentado no teatro Bruno Kiefer pelo Coral da Casa de Cultura Mario Quintana. Falece em 5 de maio de 2004 aos oitenta e sete anos. 

          E, entre um assunto e outro da pauta da reunião, acontecerá o tradicional sarau de poesia e prosa com trabalhos dos associados. 

          A Associação de Poetas e Escritores de Garça (APEG) se reúne sempre aos quartos domingos de cada mês na sala de áudio e vídeo da Biblioteca Municipal Dr. Rafael Paes de Barros, das 15 às 17 horas. Para maiores informações a associação possui um site hospedado no endereço eletrônico http://apeg.letras.vilabol.uol.com.br com fotos, biografias, notícias, boletim on-line, trabalhos dos associados e um blog no endereço http://apegletras.blogspot.com com as notícias da associação e trabalhos de seus membros. As reuniões da APEG são abertas ao público, e todos os interessados estão convidados para conhecer os trabalhos e os membros da Associação de Poetas e Escritores de Garça

Texto de Fagner Roberto Sitta da Silva, 
com trechos sobre Mário Quintana retirados da Internet.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Garça, no início


Garça, no início

Fagner Roberto Sitta da Silva

                                        No início era a mata verdejante,
                                        ocupando o planalto, que o machado
                                        prostrou ao solo, abrindo o descampado,
                                        e destruindo a flora verdejante.

                                        Assim foi o princípio do povoado,
                                        cortado pelo ribeirão cantante,
                                        erguido pelo braço de imigrante,
                                        nossos heróis deixados no Passado.

                                       Mas havia também o índio, que ocupou
                                       primeiro as terras, e que foi banido
                                       deste sagrado chão que cultivou.

                                       Isso tudo pertence, hoje, à Memória,
                                       mesmo que muito tenha se esquecido,
                                       e aquilo que restou tornou-se História.

                                                            Garça, 20 de julho de 2010.


Fagner Roberto Sitta da Silva, é presidente da APEG, 
poeta e artista-plático. 

Duas Boas Ideias de um Bom Amigo - Letterio Santoro

        

Duas Boas Ideias de um Bom Amigo

Letterio Santoro


         Meu bom amigo José Moreira, velho companheiro de adolescência e de juventude na aventura da vida, de cuja inteligência me tornei ainda mais admirador na terceira idade, lançou-me, lá das Minas Gerais, no final do primeiro semestre de 2010, um desafio eletrônico da mais alta qualidade. E qual é o desafio? Tornarmo-nos, ele, eu e outros malucos interessados, incentivadores do estudo do Latim e da leitura dos clássicos para a juventude de hoje. 
          O Moreira, como bom e arguto professor universitário, lançou o desafio para a pessoa certa. Pois não sabia ele que fui, nos tempos de colégio no Ibaté, um razoável aluno de Latim? E que, na maturidade, por incrível que pareça, também fui professor de Latim, por quatro anos e meio, no curso de Línguas da Universidade de Marília? Além do mais, desde os dias distantes do Admissão, e principalmente das deliciosas tertúlias da Academia Cardeal Motta e do Grêmio Literário Pio XII, sempre fomos apaixonados, ele e eu, pelas Belas-Letras. 
          E, por ter sido aquela fase de nossa vida comum, especialmente na adolescência, uma fase onde vivenciamos os mais altos valores morais e espirituais do ser humano, de que ainda hoje nos lembramos com alegria e pela qual damos sempre graças a Deus, o meu bom amigo Moreira sonha, usando os recursos mais modernos da internet, seduzir, para o Latim e para a leitura dos clássicos, uma infinita leva de jovens, suspirosos por um ideal de vida. 
          Diante de sua proposta, eu até me pergunto se a paixão pelo Latim e pelos clássicos da Antiguidade, nos idos da Renascença, não brotou também de uma situação dolorosa, mais ou menos parecida com a nossa, de violência, de perda de valores, de opressão, de guerras contínuas, exigindo pessoas com uma visão mais humanista, que reagissem com um pensamento mais livre. O Moreira faz questão de frisar que nada há de saudosismo no seu desafio. Não estamos nem um pouquinho pretendendo a volta de um tempo que já passou. Vivemos numa nova era, cheia de recursos humanos e tecnológicos, disponíveis para todos; uma era pluralista no pensamento, onde cada um pode pensar e fazer o que quiser, dentro ou fora de casa; uma era que permite (e por isso o meu amigo é para mim um visionário!) a experiência dos mais impossíveis projetos. 
          Se assim é, por que não tentarmos, através da internet, reunir os cidadãos, os mais diversos grupos, a Universidade, jovens e idosos, trabalhadores da ativa ou aposentados, enfim todos os jovens de espírito, a estudar o Latim e a ler os clássicos, como se fossem duas ferramentas para atilar a inteligência, buscando com isso muito prazer, e, mais ainda, prazer permanente, coisa que nem o sexo, nem o poder, nem o dinheiro, os novos deuses de nosso conturbado tempo, conseguem alcançar? 
          Jovens interessados em aprender Latim eu conheço aqui em Garça. Entre outros, a Franciele Morgado, por exemplo, poetisa e estudiosa, na altura de seus vinte anos, gostaria de conhecer não apenas os rudimentos (as declinações), mas até expressões latinas de que nos valemos no dia-a-dia da existência. Quem não conhece a expressão “Carpe Diem!” (Aproveita o dia de hoje!), usada até como nome de perfume? O que é “Carpe Diem” senão parte de um verso do talvez maior clássico da Língua Latina que é o admirável Horácio? Nem Franciele, nem outros interessados gostariam de aprender o Latim como se aprende a Língua Inglesa: para usá-la utilitariamente. Não. O Latim uma língua morta. Ele deve ser cultivado por puro prazer intelectual. 
          A língua pode estar morta, mas a sua influência, acredito, nunca foi tão viva quanto hoje. O que eu vejo de edições da Eneida, de Virgílio, nas estantes dos sebos, não está escrito. Durante os anos de magistério de Língua Latina na Unimar tive oportunidade de adquirir vários livros sobre a matéria e sobre autores do Lácio. Publicam-se esses livros, é claro, porque são procurados. Porque há curiosidade. Estudar Latim é um desafio radical para algumas pessoas. Não seria um alpinismo mental? 
          E aqui percebo que as duas boas idéias de meu bom amigo José Moreira podem ser reduzidas à figura de uma preciosa moeda com duas faces. O estudo do Latim nos remete aos escritores clássicos; e os escritores clássicos nos obrigam a estudar o Latim. Desde os tempos adolescentes de seminário, o Moreira e eu fomos educados a ler os clássicos. Tanto os clássicos da Língua Portuguesa, como os admiráveis Sermões, do Pe. Antônio Vieira, Os Lusíadas, de Luiz de Camões, os escritores românticos, Tomás Antônio Gonzaga e outros, quanto os clássicos latinos (Virgílio, Horácio e Ovídio), sobre cujos textos nos debruçávamos, naquele imenso salão de estudo, para traduzir algumas páginas de seus poemas. 
          Ao longo dos anos da juventude e da maturidade, por incrível que pareça, aqueles escritores nos acompanharam. E agora na velhice, se nos tornaram íntimos, feito amigos fiéis sempre à disposição. Eles caminharam conosco, companheiros inseparáveis, aonde quer que íamos. Com eles aprendemos a ler, a escrever, a pensar, a nos tornar mais humanos. Hoje acreditamos mais neles do que em tanto modismo intelectual que nos cerca. Se falarmos então dos gregos, que papel fundamental teve para mim o mitológico Ulisses da Odisséia de Homero. Um autor me levou a outro. Homero me levou a Virgílio. Virgílio, a Dante. Ambos a Camões. E todos me encheram a alma de personagens fortes que me ajudam a viver. 
          Pois bem, o que foi bom para o Moreira e para mim pode ser muito bom e útil também para a juventude de hoje, seduzida pelo frustrante sonho/ilusão da droga. Ora, diz o poeta, “ad altiora nati sumus” (nascemos para coisas mais altas): as coisas, os valores do espírito. 
          Tive, tempos atrás, a tentação, aqui em Garça, de ensinar Latim para crianças. Quem sabe agora, animado pelas boas ideias de meu bom amigo Moreira, eu me anime a realizar esse sonho. O estudo do Latim seria mais uma das “coisas inúteis” (como são em geral as artes, como é a cultura) a cuja busca me entregaria de corpo e alma. É uma brincadeira enriquecedora, como aprender a jogar xadrez. A busca do lúdico é essencial no estudo do Latim e na leitura dos clássicos, principalmente por ser uma atividade espontânea, livre, voluntária, sem fins lucrativos. 
          É, talvez, por nos interessarmos ambos, na terceira idade, mais pelas atividades lúdicas que pelas atividades úteis, que o Moreira me propôs esse desafio eletrônico, tentando, como um alto Dom Quixote sonhador, arrastar atrás de si a mim, este pesado Sancho Pança. Quiçá façamos ambos, agora, na velhice, o contrário do que sobre o Cavaleiro da Triste Figura versejou Sansão Carrasco, seu amigo, quando o Quixote morreu: “que acreditó su ventura / morir cuerdo y vivir loco.” E de cada um de nós diga a posteridade “que acreditó su ventura / vivir cuerdo y morir loco”. Coisas do nosso tempo contraditório! Coisas que a terceira e utilíssima idade nos permite realizar! A proposta do Moreira é uma deliciosa loucura! 
          Seja este texto o sinal de aceitação do desafio a mim feito por meu bom amigo Moreira. Enquanto ele e eu, inveterados amantes das Belas-Letras, continuamos a estudar Latim e ler os clássicos, procuraremos, ele na frente e eu lhe seguindo os passos, como bom escudeiro, meios de toda ordem para atrair os jovens de espírito a buscar o puro gozo espiritual, neste tempo de materialismo, de oportunismo, de consumismo exacerbado em que estamos sufocando. Vamos às “coisas inúteis!”

Crônica publicada no Jornal Comarca de Garça,
no dia 21 de julho de 2010, na página 2.


Letterio Santoro, é aposentado, poeta, 
cronista e membro da APEG

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Encanto - Letterio Santoro


Encanto

Letterio Santoro
(Poeta das Cerejeiras de Garça)


                                    Cedinho,
                                    no belo Lago de GARÇA
                                    as Cerejeiras se miram
                                    no espelho manso das águas.

                                    E logo
                                    o encanto toma conta
                                    de toda a Terra e do Céu,
                                    ao vê-las como Nínfas,

                                    saindo
                                    nuas das frias águas.
                                    Depois se arrumam com gosto,
                                    e voltam para seu bosque.

                                    E frescas,
                                    lindas, róseas, gentis,
                                    as CEREJEIRAS bailam
                                    suas coreografias.

                                    E todos,
                                    moradores, visitantes,
                                    circundam ao seu redor,
                                    inteiramente encantados

                                    da graça
                                    da florada que explodiu
                                    dos mil brotos suaves
                                    das quase secas ramadas.

                                    As gentes,
                                    como abelhas, colibris,
                                    procuram nas Cerejeiras
                                    néctar de suavidade.

                                    Um dia,
                                    porém, dura aquela graça,
                                    um dia apenas o encanto,
                                    e tudo volta ao comum.

Poema lido na reunião da APEG de junho e publicado no dia 12.06.2010 no Jornal Comarca de Garça e na revista Via Maxi nº 04, edição de maio/junho.

Letterio Santoro, é aposentado, poeta, 
cronista e membro da APEG

Reunião de julho de 2010

Vida e obra do poeta Mário Quintana 
serão temas para estudo na reunião da APEG do próximo dia 25

          Neste próximo dia 25 de julho, a partir das 15 horas, na sala de áudio e vídeo da Biblioteca Municipal Dr. Rafael Paes de Barros acontecerá a sétima reunião mensal deste ano.

Alguns assuntos que serão abordados:


  • XI Encontro Poético, com homenagem ao jogador de futebol e professor Alcyr da Rosa Lima;
  • Vídeos sobre a vida e obra do poeta gaúcho Mario Quintana (1906-1994).
  • Instalação de Cineclube.

Poema do Anoitecer - Luiz Idálgo



"Poema do Anoitecer"

Luiz Idálgo

                                    (1) Quando chega o entardecer,
                                    Lá no poente o sol desaparece.
                                    Manchas coloridas no céu aparece,
                                    É o crepúsculo; tão logo vem o anoitecer.

                                    (2) Sopra a brisa passeando campo afora,
                                    As florestas ficam perfumosas.
                                    As plantas respiram na noite silenciosa.
                                    Que suavidade em toda a flora!

                                    (3) Cantos de curiangos, no silêncio entoam.
                                    As águas dos riachos, bem longe ecoam.
                                    Os passarinhos recolhem-se em seus ninhos,
                                    Ali ficam dormindo, bem quietinhos.

                                    (4) Cai o sereno e os vergéis ficam molhados,
                                    É lindo ver as gotas de orvalho prateado,
                                    Refletidas pela lua, luzentes do além,
                                    Nos espelhos dos lagos azuis, brilham estrelas também.

                                                                        01.06.2010

Poema lido na reunião de junho da APEG, referente ao "Dia Mundial do Meio Ambiente."

Luiz Idálgo, é aposentado, poeta, violeiro,
e vice-presidente da APEG

sábado, 10 de julho de 2010

Alunos da Escola “Maria do Carmo” participam de reunião da APEG





     No domingo, 27 de junho, na sala de áudio visual da Biblioteca Pública Municipal “Dr. Rafael Paes de Barros”, ocorreu mais um encontro dos membros da APEG (Associação de Poetas e Escritores de Garça). 
     No decorrer de duas horas, a pauta, que continha vários assuntos pertinentes as atividades desenvolvidas pela Associação, foi toda discutida. O diferencial ficou por conta da participação de um grupo de alunos da EMEF “Profª Maria do Carmo Pompeu Castro”. 
     Acompanhados pelo professor Aparecido Pereira da Silva, os alunos foram conhecer os trabalhos da Associação e mostrar que eles também apreciam um bom texto poético. Motivados pelo professor, alunos das quartas séries “A” e “B”, que freqüentam o Apoio Pedagógico, desenvolveram o projeto “Brincando com as Palavras”. De acordo com Cido Pereira, foram apresentados diversos textos poéticos de autores como Cecília Meireles, Ribeiro Couto, José Paulo Paes, Henriqueta Lisboa, Vinícius de Moraes, dentre outros. A partir deles, os alunos, além de treinarem a leitura, praticaram também outros exercícios ligados às dificuldades na disciplina de Língua Portuguesa.
     Ainda de acordo com o professor, a ideia de participar da reunião da APEG partiu dele. “Eu conheço o trabalho da Associação e numa das aulas eu fiz a proposta aos alunos. Explique o significado da sigla, como se davam as reuniões e se eles estariam a fim de participar. De pronto, alguns toparam. Outros demonstraram certo receio. O que é absolutamente normal. Por fim concordaram”, explicou Cido Pereira. Os alunos recitaram poesias, ouviram poesias recitadas por alguns integrantes da APEG, explicaram como foram escolhidas as poesias. 
     Alguns deles arriscaram até mesmo a comentar as mensagens das poesias, como foi o caso das alunas Thanile dos Santos Cardoso e Ana Benedita de Oliveira. O professor julga importante este envolvimento dos alunos com outras pessoas, em ambientes diferenciados, tratando de temas diferenciados. “Se a gente quer que as crianças cresçam, culturalmente falando, temos que proporcionar a elas as oportunidades. 
     A criança está aberta para absorver tudo que é apresentado a ela. Se apresentarmos o ‘reboletion’, ela se tornará uma exímia dançarina de ‘reboletion’; se a ela for dada a oportunidade de estudar piano, ela vai aprender a tocar piano; ser for estimulada a escrever, vai ser uma escritora, não tenhamos dúvidas disso”, observou Cido Pereira, que reconhece que a concorrência é muito grande. “Não é uma tarefa fácil. Mas é a missão do professor”, disse. 
     A experiência foi tão boa que surgiu a ideia dos alunos recepcionarem os membros da APEG nas dependências da escola. Segundo Cido Pereira, é uma possibilidade que deverá ser apresentada à direção e coordenação da Escola. “Acho perfeitamente possível. Vamos trabalhar a sugestão e quem sabe colocá-la em prática no segundo semestre”, comentou o professor que aproveitou para agradecer a coordenação e direção da Escola, assim como a Secretaria da Educação que disponibilizou o transporte.

Notícia vinculada no Jornal Comarca de Garça no dia 7 de julho de 2010.

domingo, 4 de julho de 2010

Reunião da APEG amanhã lança mais um livro


Cena do filme italiano Cinema Paradiso

 A APEG (Associação de Poetas e Escritores de Garça) realiza sua reunião mensal neste domingo, dia 27 de junho, das 15 às 17 horas na sala de áudio e vídeo da Biblioteca Pública Municipal Dr. Rafael Paes de Barros.
Segundo informações passadas pelo seu atual presidente, Fagner Roberto Sitta da Silva, entre os itens da pauta estão a criação de um cineclube, os preparativos para o XI Encontro Poético, o tradicional sarau de poesia e prosa dos associados, além do lançamento de mais um livro. Durante o encontro os participantes ainda estarão falando da exposição da APEG na Biblioteca Municipal, o vídeo de estudo, e a visita de alunos de uma escola garcense que estarão conhecendo a APEG e realizando um sarau com poesias de grandes poetas nacionais.
Segundo informa o presidente, a ideia da criação de um cineclube foi dada pelo primeiro presidente da associação, o professor Luiz Maurício Teck de Barros. Para a criação deste projeto, Teck estará expondo a ideia já lançada na reunião passada, juntando esta com outras propostas pelos associados. Para o XI Encontro Poético de Garça, os associados estarão discutindo alguns pontos referentes à realização deste evento que ocorre anualmente sempre no mês de outubro, por ocasião da passagem da data nacional em comemoração ao dia do Poeta (20 de outubro) e a data mundial (4 de outubro). Para isso serão verificados itens tais como dia, horário e local onde será realizado o evento. Nesta edição o poeta homenageado é Alcyr da Rosa Lima. Lembrando que o evento foi criado em 1997, retomado no ano de 2004, e desde esta data foi realizado sem interrupção.
No encontro de amanhã os associados darão as boas vindas a mais uma nova obra poética. Trata-se do livro de Letterio Santoro, segundo presidente da APEG, intitulado “Sonetos da Vida Inteira”. Esta reunião dos sonetos completos escritos por Letterio Santoro foram retirados dos livros já publicados pelo poeta e reunidos numa única obra, e que por sinal é a primeira obra garcense desta forma fixa da poesia ocidental, o soneto.

VÍDEO DE ESTUDO

Falando em forma fixa, neste mês o vídeo de estudo separado para ser visto pelos associados e visitantes trata de duas formas fixas da poesia: o Haicai e o Limerick. Criado no Japão, o haicai (Haiku) é uma das formas fixas mais breves da poesia mundial. Obedece uma sequência de três versos divididos em 5-7-5 sílabas poética. O haicai é originário de outra forma fixa japonesa, o tanca, que se divide em cinco versos de 5-7-5-7-7 sílabas poéticas. Dentre os grandes poetas desta forma poética podem ser citados os nomes de Bashô, Buson e Issa, só para citar os nomes dos três maiores poetas. O mais conhecido haicai é o de Bashô, provavelmente composto em 1686, é este:

O velho tanque
Uma rã salta.
Barulho de água

Esta forma poética chegou ao ocidente junto com as pinturas japonesas, onde o haicai vinha escrito. No entanto, só muito posteriormente foi visto que os escritos que adornavam as pinturas na verdade eram pequenos poemas. No Brasil, o haicai chegou com o navio Kasatu Maru no porto de Santos no dia 18 de junho de 1908, sendo o primeiro haicai escrito em terras brasileiras escrito por Shuhei Uetsuka (1876-1935), um bom poeta de haiku, conhecido como Hyôkotsu, o haicai era este:

A nau imigrante
chegando: vê-se lá do alto
a cascata seca.

Segundo o presidente, para os ocidentais talvez o haicai seja de difícil assimilação, pois na poesia ocidental são usados recursos como a rima, o que não existe na poesia japonesa. “O haicai seria como um pequeno flash de um momento, não há no haicai os derramamentos líricos da poesia ocidental. E para o haicai o tempo é sempre o presente. O Haicai fala da natureza, e é dividido em cinco categorias: primavera, verão, outono, inverno e ano-novo. E dentro de cada haicai existe uma palavra (que em japonês tem o nome de kigo) que designa a estação do ano”, explica Fagner.

A outra forma poética estudada no mesmo vídeo é o Limerick. O Limerick é um poema de regras pouco rígidas, com rima na Primeira, Segunda e Quinta linhas com dez a doze sílabas, e na Terceira e Quarta linhas, geralmente com três a quatro sílabas a menos, porque o ponto básico é que essas linhas sejam mais curtas. “Como norma geral, o Limerick é uma composição burlesca e jocosa, muitas vezes um epigrama, e seu sucesso é garantido quando uma boa risada é ouvida ao final da declamação. No entanto, há Limericks de toda espécie. Via de regra, é uma estrofe isolada, mas pode ser apresentado como uma seqüência, formando uma só idéia”, diz o presidente. Na literatura britânica, foi lançado por Edward Lear em 1846, em “The Book of Nonsense” (O Livro de Bobagens), não obstante já surgissem os primeiros versos deste tipo em 1820, cuja origem é desconhecida. Acabou se tornando um estilo de poema muito apreciado. No começo do séc. XX ficou tão popular nos países de língua inglesa, que muitas revistas e até lojas do comércio faziam concursos de Limericks.

Assista o vídeo da reunião:


Poetas recepcionarão alunos do Maria do Carmo

Na reunião deste domingo os associados estarão recebendo a visita de estudantes de uma classe de apoio pedagógico da escola Maria do Carmo Pompeu Castro. São alunos de um projeto do professor Aparecido Pereira que cursam a quarta série período matutino, que estão entrando em contato com a poesia de renomados poetas nacionais. O projeto de autoria do professor Aparecido Pereira, cujo nome é “Brincando com as Palavras” tem como objetivo o estudo de literatura e também a prática do falar em público. Os alunos estarão visitando e conhecendo os poeta e escritores da APEG e recitando alguns dos trabalhos estudados em classe. Além disso, entre um item e outro da pauta do dia, os associados realizam um sarau de poesia e prosa com trabalhos de autoria própria.
E ainda estarão falando sobre a exposição da associação realizada neste mês de junho na Biblioteca Municipal Dr. Rafael Paes de Barros com alguns trabalhos selecionados provenientes da exposição “Todos Cantam sua Terra”, que aconteceu no mês de maio na Galeria Municipal Edith Nogueira Santos. Para o próximo mês a APEG já está marcado o lançamento de um outro livro, o “Todos Cantam sua Terra III”, com os trabalhos da exposição. A APEG (Associação de Poetas e Escritores de Garça) se reúne sempre aos quartos domingos de cada mês na sala de áudio e vídeo da Biblioteca Municipal Dr. Rafael Paes de Barros, das 15 às 17 horas. Para maiores informações a associação possui um site hospedado no endereço eletrônico http://apeg.letras.vilabol.uol.com.br e um blog no endereço http://apegletras.blogspot.com. As reuniões da APEG são abertas ao público e todos os interessados estão convidados para conhecer a Associação de Poetas e Escritores de Garça

Texto de Fagner Roberto Sitta da Silva com alterações da equipe do Jornal Comarca de Garça e publicado no dia 26 de junho de 2010.

Algumas fotos da reunião da APEG

Luiz Idálgo declamando suas coleções de pequenas poesias





Letterio Santoro mostrando para os alunos da escola Maria do Carmo Pompeu Castro seu livro "Sonetos da Vida Inteira"

Leonor de Zago (ganhadora do livro "Sonetos da Vida Inteira") e Letterio Santoro

Membros da APEG com alunos da escola Maria do Carmo Pompeu Castro

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