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sábado, 21 de agosto de 2010

Sobre um Poeta Garcense: José Luiz Freire Bottino - Letterio Santoro


Sobre um Poeta Garcense: José Luiz Freire Bottino 


Letterio Santoro


Quem me levou a ler as três primeiras obras literárias – UTOPIA, REVOLUÇÃO e ANTES EU SONHAVA...HOJE NEM DURMO – do poeta garcense José Luiz Freire Bottino foi o livro PANORAMA DA LITERATURA GARCENSE (PLG), publicado em maio de 2010, de autoria de outro escritor garcense, o Prof. Luiz Maurício Teck de Barros. 

De fato, o livro PLG é resultado de paciente pesquisa do autor sobre perto de uma centena de obras da estante Canto da Terra na Biblioteca Municipal, onde se acham exemplares de livros de escritores garcenses, doados por seus autores. Pois da página 57 à 59, com fotografia do escritor e das capas de seus três livros na referida estante, o PLG trata exclusivamente de aspectos da vida e da obra de José Luiz Freire Bottino. Tudo de modo sintético, característica desse escrito do poeta Maurício Teck. E uma das conseqüências da leitura e releitura do PLG foi despertar em mim a curiosidade de ler os autores de que trata no livro, entre os quais se encontram as obras de José Luiz Freire Bottino. 

Este poeta garcense não me era totalmente desconhecido, pois, em tempos passados, antes ainda de publicar seus dois primeiros livros UTOPIA e REVOLUÇÃO, eu lia, com apreço e admiração, poemas seus publicados nas páginas sempre acolhedoras do jornal Comarca de Garça. Era ele então um novel poeta, cujos versos tratavam de assuntos candentes, incomuns na pena de um jovem de nossa cidade de Garça. Convenhamos que os sentimentos, e pensamentos, e emoções, e sonhos de José Luiz Freire Bottino são até comuns a outros jovens e adolescentes. Mas, por alguma razão, os outros jovens não têm coragem e ousadia (ou por ignorância, ou por medo, ou por vergonha, ou por outra razão) de registrar, organizar, publicar e, portanto, se expor, como o Bottino se expôs. 

Quem, adolescente ou jovem, não esconde no peito a sua Utopia, ou não sonha com a sua Revolução? Só o jovem José Luiz Freire Bottino, porém, publicava seus poemas cheios de Utopia e de Revolução nas páginas do jornal Comarca de Garça. Garcense de nascimento, contando hoje com 34 anos de idade, José Luiz cultiva uma poesia de alto cunho social. Um tipo de poesia incomum em páginas de jornais. José Luiz Bottino critica os erros das pessoas, das instituições e da sociedade em geral em busca de um ideal (UTOPIA), a ser alcançado com luta individual e coletiva (REVOLUÇÃO). 

De repente, porém, anos atrás, o poeta calou sua voz no periódico. Gostava eu de ler os seus versos cheios de vida, cheios de sonhos, cheios de críticas, cheios de revolução, aos sábados, no Caderno 2 do jornal Comarca. Interessante (e vai aí um pormenor curioso) que descobri, numa de suas obras a verdadeira razão de sua interrupção. Não a exponho aqui, a fim de despertar nos leitores, o interesse em ler seus poemas e tentar achar onde está o pormenor curioso. 

Outra característica da poesia de José Luiz Freire Bottino é a simplicidade de seu verso: todos que o lerem compreenderão sua mensagem honesta. Acredito que sua simplicidade decorra de sua sinceridade. Bottino é um poeta sincero, franco, natural: fala o que pensa. E falar o que se pensa é sempre arriscado. Ele, no entanto, não se contentou em publicar apenas alguns bons e originais poemas no jornal. Achou pouco. Eu compreendo a atitude desse poeta: as páginas dos jornais são descartáveis. Impressionam um dia, e são arquivadas no outro. Quem acredita na UTOPIA e na REVOLUÇÃO, como ele acredita; quem, como ele, acredita na sua obra como manifestação da UTOPIA (sonho) e da REVOLUÇÃO (luta), nunca se contentará em publicar seus versos apenas no jornal. Fará de tudo para “eternizar” seus sentimentos, pensamentos e sonhos nas páginas dos livros, como os três retirados por mim em primeiro lugar na Biblioteca Municipal, para ler e admirar. Se ele não tivesse, corajosa e ousadamente, publicado suas obras em livros, seus poemas teriam caído no olvido, e não estariam influenciando outros leitores, adolescentes, jovens, maduros ou idosos como eu, na construção da própria Utopia e da própria Revolução. 

E, para animar ainda mais novos leitores a abeirar-se da água límpida da poesia de José Luiz Freire Bottino, ouso comentar com mais vagar um de seus poemas que, acredito, sintetiza tudo o que, até aqui, foi analisado. São impressões de um leitor comum, não são análises de um crítico literário. Sou de opinião, inclusive, que os três livros de José Luiz Freire Bottino – UTOPIA (o 1º), REVOLUÇÃO (o 2º), e ANTES EU SONHAVA...HOJE NEM DURMO (o último na estante Canto da Terra) – os três livros merecem análises de um crítico literário competente, porque Bottino é um escritor garcense diferenciado. Fica aí a sugestão para que os atuais estudantes ou professores de Letras, máxime os Mestres e Doutores da área, nesta rica, gentil e inteligente cidade de Garça, estudem o poeta José Luiz Freire Bottino! 

Mas minha crônica é voltada para o leitor comum. Nela coloco minha opinião sobre um dos poemas do livro REVOLUÇÃO, denominado “Cidade em Movimento”. E por que em especial este? Porque, primeiro, é muito original no tipo de rima introduzido dentro de cada verso. Segundo, porque, se a cidade de que fala pode ser qualquer uma, para mim é o retrato de Garça. E, terceiro, um verso me impressionou de modo particular: o último verso da IV estrofe desse poema, que diz: “Um louco lutando pela revolução, trazendo a utopia em seu coração”. A maior maravilha está contida nesse preciosíssimo verso. Num mundo cheio de contradições, espalhadas nos versos das VI estrofes do poema, no meio do absurdo em que vivemos no nosso tempo enlouquecido, eis que de repente um ser humano se destaca (um louco na opinião dos outros) “lutando pela revolução, trazendo a utopia em seu coração”. Para mim este verso e esse poema são a síntese dos três livros e de toda a obra literária de José Luiz Freire Bottino, escritor garcense, cujos livros tomei emprestados na Biblioteca Municipal por sugestão do PLG, de Maurício Teck. Quem dera que cada um de nós fosse um “louco” como o próprio Bottino se confessa. Sem Utopia e sem Revolução, dentro de cada um de nós, não há no mundo de hoje a tão sonhada transformação. 


Texto publicado no Jornal Comarca de Garça 
no dia 21 de agosto de 2010 na Coluna Opinião, página 2.

Letterio Santoro, é aposentado, poeta, 
cronista e membro da APEG

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