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sexta-feira, 15 de outubro de 2010



M I R A N T E - Bíblia: Meu livro de cabeceira

Letterio Santoro

A Igreja Católica, ao longo do ano litúrgico, lê e procura viver a Palavra, tanto do Antigo, quanto do Novo Testamento. Mas, no mês de setembro, a Igreja Católica, de modo particular, comemora o mês da Bíblia. E por quê? Porque, no dia 30 de setembro, celebra-se a festa de São Jerônimo, conhecido como o Doutor Máximo, por sua dedicação ao estudo da Sagrada Escritura. Ele viveu em função da Palavra de Deus, traduzindo-a, em seu tempo, na edição Vulgata.

Pois foi no dia de São Jerônimo, em Roma, no Colégio Pio Brasileiro, que providencialmente descobri a alegria da leitura da Bíblia em grupo. Desde a infância, e até o início da juventude, eu ouvia e lia a Palavra, mas individualmente. Naquele dia, porém, convidado pelo mano José Pedro, digno representante do povo nordestino, pusemo-nos a ler juntos, diariamente, um trecho da Escritura. E começamos pelo Primeiro Livro dos Macabeus, a fim de nos animar a viver a fé, como aqueles heróicos filhos do povo de Israel viveram a sua em tempo de perseguição religiosa. Tão marcante foi a data para mim que escrevi, à tinta, acima do título do livro, a seguinte observação: "Começado no dia de São Jerônimo - 30.09.63".

Depois continuei em casa de meus pais e em minha própria família a leitura dos mais diversos livros da Bíblia, ora individualmente, ora coletivamente. Afinal, a Sagrada Escritura é uma pequena, preciosa, variada biblioteca, pois isto significa a palavra Bíblia, plural grego de biblon (livro). São 73 Livros, assim distribuídos: 46 do Antigo Testamento, e 27 do Novo. Ao longo do tempo, fui descobrindo meu próprio método de leitura, pois não convém, leitor benévolo, no caso da Bíblia, lê-la, em sequência, do primeiro (Gênesis) ao último livro (Apocalipse). Simplesmente por não ser um único livro, e conter dentro de si diversos gêneros literários (história, conto, poesia, carta, bilhete). Em função disso, e para entender melhor os diversos livros, fui adquirindo comentários de especialistas que me explicavam o texto, o contexto e o pretexto em que foram escritos. Esses livros foram sendo compostos ao longo de mil anos, por autores humanos de determinada região, de cultura, língua, costumes diferentes dos nossos. E como compreender hoje, milênios depois, a mensagem de Deus transmitida ao povo de Israel na Antiguidade, sem um entendimento aproximado de seu ambiente e da mentalidade daqueles tempos? Através da leitura paralela dos especialistas passei, aos poucos, da leitura ingênua para a leitura crítica da Bíblia.

Eu sei que para aprender e viver a mensagem central da Sagrada Escritura não seria preciso ler nem os livros da Bíblia: bastaria "Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo." Acontece que somos seres humanos, precisamos de modelos, de estímulos. Avançamos devagar. Mal comparando, como a Língua Portuguesa vai sendo aprendida desde o prézinho até a Universidade, assim a Palavra de Deus precisa ser conhecida com sempre mais profundidade. Diz o Concílio Ecumênico Vaticano II, na Constituição Dogmática sobre a Revelação Divina: "Deus na Sagrada Escritura falou através de homens e de modo humano...As palavras de Deus, expressas por línguas humanas, se fizeram semelhantes à linguagem humana, tal como outrora o Verbo do Pai Eterno, havendo assumido a carne da fraqueza humana, se fez semelhante aos homens." Quanto mais pudermos estudar e compreender a mensagem do Pai, para vivê-la com mais paixão, melhor para nós e para todos.

Foi pensando nisso que um pequeno grupo de cristãos católicos de Garça se reúne, há já três anos, toda semana, para pedir ao Espírito Santo as suas luzes, ler com atenção um livro da Bíblia por vez, e em seguida ler algum comentário para a melhor compreensão da Palavra. Provamos a cada encontro a mesma alegria interior que eu provara nos tempos de Pio Brasileiro. Por tudo isso, a Bíblia é meu livro de cabeceira.

Texto publicado no site Garça Online 
no dia 30 de setembro de 2010 .


Letterio Santoro, é aposentado, poeta, 
cronista e membro da APEG

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